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As orientações em relação ao uso do alho, por exemplo, incluem deixá-lo em água à temperatura ambiente, em vez de usar água fervente
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta quarta-feira (10) uma regulamentação para o uso de plantas medicinais, com o objetivo de popularizar a prática. A medida, que faz parte da RDC 10, busca esclarecer quando e como as drogas vegetais devem ser usadas para se alcançar efeitos benéficos.
“O alho é um famoso expectorante e muita gente tem o hábito de usá-lo com água fervente. No entanto, para aproveitar melhor as propriedades terapêuticas, o ideal é deixá-lo macerar, ou seja, descansar em água à temperatura ambiente”, explica a coordenadora de fitoterápicos da Anvisa, Ana Cecília Carvalho.
Inaladas, ingeridas, usadas em gargarejos ou em banhos de assento, as drogas vegetais têm formas específicas de uso e a ação terapêutica é totalmente influenciada pela forma de preparo. Algumas possuem substâncias que se degradam em altas temperaturas e por isso devem ser maceradas. Já as cascas, raízes, caules, sementes e alguns tipos de folhas devem ser preparados em água quente. Frutos, flores e grande parte das folhas devem ser preparadas por meio de infusão, caso em que se joga água fervente sobre o produto, tampando e aguardando um tempo determinado para a ingestão.
Preparo correto
Outra novidade da resolução diz respeito à segurança: a partir de agora as empresas vão precisar notificar (informar) à Anvisa sobre a fabricação, importação e comercialização dessas drogas vegetais no mínimo de cinco em cinco anos. Os produtos também vão passar por testes que garantam que eles estão livres de microrganismos como bactérias e sujidades, além da qualidade e da identidade.
Além disso, os locais de produção deverão cumprir as Boas Práticas de Fabricação, para evitar que ocorra, por exemplo, contaminação durante o processo que vai da coleta, na natureza, até a embalagem para venda. As embalagens dos produtos deverão conter, dentre outras informações, o nome, CNPJ e endereço do fabricante, número do lote, datas de fabricação e validade, alegações terapêuticas comprovadas com base no uso tradicional, precauções e contra indicações de uso, além de advertências específicas para cada caso.
Drogas vegetais x fitoterápicos
As drogas vegetais não podem ser confundidas com os medicamentos fitoterápicos. Ambos são obtidos de plantas medicinais, porém elaborados de forma diferenciada. Enquanto as drogas vegetais são constituídas da planta seca, inteira ou rasurada (partida em pedaços menores) utilizadas na preparação dos populares “chás”, os medicamentos fitoterápicos são produtos tecnicamente mais elaborados, apresentados na forma final de uso (comprimidos, cápsulas e xaropes).
Todas as drogas vegetais aprovadas na norma são para o alívio de sintomas de doenças de baixa gravidade, porém, devem ser rigorosamente seguidos os cuidados apresentados na embalagem desses produtos, de modo que o uso seja correto e não leve a problemas de saúde, como reações adversas ou mesmo toxicidade.
As orientações da Anvisa para o uso de plantas medicinais podem ser encontradas em um documento em pdf no portal da agência (www.anvisa.gov.br).
Saiba como utilizar algumas plantas medicinais populares
Nome Forma de utilização Modo de usar Alegações Contraindicações Efeitos adversos Alho (Allium sativum) Maceração: 0,5 g (1 col café) em 30 mL (cálice) Utilizar 1 cálice 2 x ao dia antes das refeições Hipercolestero lemia (colesterol elevado). Atua como expectorante e antisséptico Não deve ser utilizado por menores de três anos e pessoas com gastrite e úlcera gástrica, hipotensão (pressão baixa) e hipoglicemia (concentração de açúcar baixo no sangue). Não utilizar em caso de hemorragia e em tratamento com anticoagulantes Doses acima da recomendada podem causar desconforto gastrointestinal Carqueja (Baccharis trimer a) Infusão: 2,5 g (2,5 col chá) em 150 mL (xíc chá) Utilizar 1 xíc chá de 2 a 3 x ao dia Dispepsia (Distúrbios da digestão) Não utilizar em grávidas, pois pode promover contrações uterinas. Evitar o uso concomitante com medicamentos para hipertensão e diabetes O uso pode causar hipotensão (queda da pressão) Picão (Bidens pilosa) Infusão: 2 g (1 col sobremesa) em 150 mL (xíc chá) Utilizar 1 xíc chá 4 x ao dia Icterícia (coloração amarelada de pele e mucosas devido a uma acumulação de bilirrubina no organismo) Não utilizar na gravidez - Capim cidreira (Cymbopogo n citratus) Infusão: 1-3g (1 a 3 col chá) em 150 mL (xíc chá) Utilizar 1 xíc chá de 2 a 3 x ao dia Cólicas intestinais e uterinas. Quadros leves de ansiedade e insônia, como calmante suave - Pode aumentar o efeito de medicament os sedativos (calmantes) Alcachofra (Cynara scolymus) Infusão: 2 g (1 col sobremesa) em 150mL (xíc chá) Utilizar 1 xíc chá 3 x ao dia Dispepsia (distúrbios da digestão) Não deve ser utilizado por pessoas com doenças da vesícula biliar. Usar cuidadosamente em pessoas com hepatite grave, falência hepática e câncer hepático O uso pode provocar flatulência (gases), fraqueza e sensação de fome Mulungu (Erythrina verna) Decocção: 4 a 6 g (2 a 3 col de sobremesa) em 150 ml (xíc chá) Utilizar 1 xíc chá de 2 a 3 x ao dia Quadros leves de ansiedade e insônia, como calmante suave - Não usar por mais de 3 dias seguidos Erva cidreira (Lippia alba) Infusão: 1 a 3 g (1 a 3 col chá) em 150 mL (xíc chá) Utilizar 1 xíc chá de 3 a 4 x ao dia Quadros leves de ansiedade e insônia, como calmante suave. Cólicas abdominais, distúrbios estomacais, flatulência (gases), como digestivo, e expectorante Usar cuidadosamente em pessoas com hipotensão (pressão baixa) Doses acima da recomendada podem causar irritação gástrica, bradicardia (diminuição da frequência cardíaca) e hipotensão (queda da pressão) Camomila (Matricaria recutita) Infusão: 3 g (1 col sopa) em 150 mL (xíc chá) Utilizar 1 xíc chá de 3 a 4 x ao dia Cólicas intestinais. Quadros leves de ansiedade, como calmante suave Podem ocorrer reações alérgicas ocasionais. Em caso de superdose, pode ocorrer o aparecimento de náuseas, excitação nervosa e insônia