Os maiores centros de nutrição do país criaram uma lista surpreendente com os melhores alimentos para enfrentar o calor dessa estação.
No verão mais quente dos últimos anos, como ajudar o corpo a se proteger? A receita do bem-estar começa pela mesa. Manter a saúde, com os termômetros em alta, é um desafio. Quais os alimentos que mais podem nos ajudar? O Globo Repórter consultou os maiores centros de nutrição do país, e eles criaram uma lista surpreendente.
Vamos começar pela unanimidade. O alimento mais importante, na verdade, não se come. A água é essencial. Nos dias mais quentes, devemos beber, no mínimo, dois litros.
Mas é na hora de comer que os especialistas revelam a diversidade dos nossos sabores. E não imagine nada complicado. Em sexto lugar, deu empate: o iogurte, grande fonte de cálcio, e a mistura número um da nutrição brasileira, arroz e o feijão. Esta é uma combinação que nunca deve ser esquecida.
Mas que tal mudar a receita? “O feijão fradinho é ótimo para comer como salada. Você já mistura o tomate com a cebola, pode temperar do jeito que quiser. Então, você está com a tua leguminosa, com o hábito alimentar do brasileiro, e você pode comer frio”, afirma a nutricionista Márcia Madeira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Na cozinha de sua própria casa, a doutora em segurança alimentar garante: a salada de feijão frio, fonte riquíssima de proteínas, é uma opção menos arriscada do que uma feijoada.
Os pratos quentes estragam mais rápido no verão. Tanto que 30% dos casos de intoxicação alimentar acontecem nessa estação.
“Se você deixar, em duas horas, a comida quente já corre risco de contaminação, porque a gente está vivendo em uma umidade relativa muito alta e em uma temperatura muito alta. É uma estufa excelente para o crescimento microbiano. Você tem menos risco (com a comida fria), é mais uma vantagem”, sugere a nutricionista Márcia Madeira.
Em quinto lugar, mais um empate: o tomate e a laranja. Mas, se você está pensando naquele suco geladinho, cuidado.
“Se você for tomar como suco, aumenta muito a proporção de calorias nesta porção. Então, é preferível comer a laranja, chupar a laranja e engolir o bagaço. Por conta das fibras, ela ajuda no funcionamento do intestino, além de contribuir com vitaminas e minerais”, aponta a nutricionista Sônia Tucunduva Phillípi, da Universidade de São Paulo (USP).
Em quarto lugar, vem outra fonte de fibras: a alface. A rainha de todos os regimes brilha nas dietas do verão.
“O verão é uma época do ano em que as pessoas querem normalmente emagrecer e querem uma condição de vida boa para poder fazer as suas atividades. Então, eu pensei primeiro que a alface representa este grupo das verduras e é muito leve, muito gostosa de comer”, ressalta Sônia Tucunduva Phillípi.
E o que dizer da saborosa melancia? Ela ficou em terceiro lugar, indicada por um em cada dois cientistas que consultamos. Gelada, ela é um dos símbolos do verão, uma paixão brasileira. E o vermelho forte é fonte de muita saúde.
“Tem uma ação interessante na proteção de algumas membranas, de alguns órgãos importantes. Para os homens, tem a questão da prevenção. O hábito destes alimentos no cotidiano previne doenças graves, como o câncer de próstata”, declara a nutricionista Ana Vládia Bandeira Moreira, da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
“A melancia está no auge da sua safra, está mais doce, é um alimento considerado refrescante pela grande quantidade de água, pela sua quantidade de carboidratos. Então, é uma fruta que une hidratação e energia”, explica o nutrólogo Mauro Fisberg, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O segundo colocado da lista derrubou a proteína preferida do brasileiro. No lugar da carne, ficou o peixe. Indicado por seis das dez universidades consultadas, ele sustenta e não pesa no estômago.
“A maior parte do nosso organismo é feita de proteína, massa muscular. E tem várias reações no organismo que dependem de aminoácidos essenciais. Então, a gente precisa de proteínas. É quando entra o peixe que é de fácil digestão. Então, no verão, ele é bem indicado”, diz a nutricionista Márcia Madeira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Você deve estar se perguntando qual o alimento que ficou em primeiro lugar. Nada mais verão, nada mais tropical, nada melhor do que uma boa água de coco nesta estação quente. O líquido foi indicado por sete dos dez pesquisadores consultados.
“Primeiro, porque ele refresca. Você consome a água de coco gelada. Junto dela, vem o potássio, cálcio e magnésio, e estes minerais são importantes para a saúde humana”, diz o engenheiro de alimentos Fernando Abreu, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Nesse calorão, uma pessoa pode perder até dois litros de água por dia na transpiração, para manter a temperatura do corpo. E no suor não eliminamos apenas água.
“O suor é um pouco salgado, porque tem muito sódio, potássio e magnésio. Então, a água de coco repõe isso. Várias outras frutas, vários outros alimentos também repõem, mas a água de coco é especial, porque ela já vem prontinha”, declara o engenheiro de alimentos da Embrapa.
A água de coco é boa para o coração e outros músculos. Evita as cãibras, como a banana. Mas a água de coco tem uma vantagem: quase nada de gordura e pouquíssimas calorias. Mas ela só é perfeita e completa na embalagem natural.
No laboratório, pesquisadores tentam criar um processo capaz de manter as qualidades originais dessa água milagrosa. Quem imaginaria: até Madonna deve estar interessada nesse trabalho. A rainha do pop diz que não fica sem este gostinho brasileiro, nem nos Estados Unidos. E por lá, a nossa água de coco já está sendo chamada de água da juventude.