Na edição deste mês da Casa e Jardim, fiz uma reportagem sobre treliças. Estas estruturas ripadas ou cruzadas de madeira, ferro e bambu são muito úteis para esconder áreas feias, separar a entrada social da de serviços, aumentar a altura de muros, dar mais privacidade à casa, entre outras funções. São simples de fazer, é só encomendar a estrutura a um marceneiro ou serralheiro e ainda servem para conduzir espécies com ou sem flores. Esta, que foi idealizada pelo paisagista Marcelo Bellotto na área de convivência de um condomínio, foi escalada pela lágrima-de-cristo (Clerodendron thomsonae). Mas poderia receber (1) jasmim-estrela (Jasminum nitidum), (2) ipoméia-rubra (Ipomoea horsfalliae), (3) falsa-vinha (Parthenocissus tricuspidata) ou (4) tumbérgia (Thunbergia grandiflora). Essas, vocês veem abaixo. beijo e até amanhã!
terça-feira, 28 de julho de 2009
Disfarce infalível
A nutricionista paulista Neide Rigo resgata sabores e cheiros de plantas em desuso na gastronomia e confere a elas seu devido valor na culinária brasileira
Texto Janice Kiss
Fotos Fernanda Bernardino
Não há um só canto de praça ou de parque em que Neide Rigo deixe de pôr um olhar atento. É nesses lugares que ela encontra ervas meio amoitadas, algumas delas nascidas espontaneamente, mas que foram ignoradas pelo mercado porque seu consumo caiu em desuso. Dente-de-leão, beldroega, ora-pro-nóbis, por exemplo, pertencem a um cardápio de outro tempo, quando costumavam ser refogados no óleo ou na banha de porco com alho e cebola, para acompanhar talvez uma boa polenta mole. Mas a nutricionista, que quase foi artista plástica, não liga para modismos. 'Tenho um interesse histórico por alimentos, e por isso eles nunca perdem a importância para mim', explica. Neide acha que seu interesse pela comida nasceu na infância, numa rua do bairro da Brasilândia, em São Paulo, onde vivia gente de todos os lugares do país. Na casa de vizinhos baianos, aprendeu a comer jaca verde e coentro; com os piauienses, experimentou pela primeira vez a manteiga-de-garrafa e a castanha-de-caju; já os sergipanos lhe apresentaram os sabores do amendoim cozido, do inhame (hoje mais conhecido como taro) e do cará. E ainda tinha o cardápio de casa, dos pais paranaenses, que não incluía pratos da terra, mas sempre continha arroz, feijão com tempero bem caseiro, abóbora batidinha, carne e salada. 'Nessa rua fui apresentada à culinária regional', diz. Por influência do pai, a culinarista sempre dedicou atenção especial aos 'matinhos e matões', como costuma se referir às ervas e temperos. Estão todos lá, no quintal de casa - 'uns crescem plantados, outros largados e alguns de teimosos', brinca. É nesse pequeno espaço que Neide colhe ora-pro-nóbis, mangarito e cará-do-ar. Tem também capiçoba (folha similar ao espinafre), jambu (a erva amazonense que amortece de leve os lábios), e sementes de vários lugares. 'Mas nada é catalogado, porque a vida é corrida', resume a nutricionista, que presta consultorias a empresas, faz assessoria para cozinhas experimentais e mantém uma coluna gastronômica em uma revista há 15 anos.
Por resgatar alimentos à beira da extinção, Neide já contribuiu com o restabelecimento de alguns deles pelo país. Por exemplo, ela já mandou para a região de Garanhuns, em Pernambuco, um tipo de melão (o cruá) que estava desaparecido por lá. Uma outra vez, recebeu de um produtor um punhado de farinha de araruta, que anda sumida do mercado. Segundo ela, o que mais se encontra é a fécula de mandioca sendo vendida em lugar da outra 'Quem conhece sabe que os biscoitos de araruta são mais leves e branquinhos', explica. Toda essa troca acontece por meio do blog www.come-se.blogspot.com, de sua autoria, no qual ela conta um pouco das plantas e suas curiosidades, das descobertas culinárias que faz durante suas viagens, dá receitas e abre espaço para que blogueiros relatem suas experiências. A dedicação aos temperos quase sumidos lhe rendeu o convite para fazer parte da Arca dos Gostos, integrante do movimento internacional Slow Food, que prega a recuperação da tradição de alguns produtos em seus respectivos países. A função da Arca é elaborar um catálogo mundial que identifica, localiza, descreve e divulga sabores quase esquecidos de alimentos ameaçados de extinção, mas ainda vivos, com potenciais produtivos e comerciais reais. 'É uma alegria ver uma comunidade dar importância a produtos que estavam desvalorizados', comenta.
No próximo mês, Neide participará de uma comemoração sobre o restabelecimento de um fruto. A segunda Festa do Licuri, que acontecerá em Salvador, vai celebrar o reaparecimento da amêndoa extraída do fruto de uma palmeira nativa do Nordeste que é fonte de renda de diversas comunidades da Caatinga. Com essas amêndoa, a população produz granolas, petiscos, licores e sorvetes. Quando a nutricionista não está envolvida em eventos dessa natureza, ela se põe a descobrir sabores advindos de combinações desconhecidas, como as da comida asiática - a sua preferida - , que leva especiarias e frutas verdes como jaca, manga e mamão.'Não temos a ousadia de fazer as mesmas misturas', lamenta. Mas ela também dedica seu tempo a coisas mais simples, como fazer pães de tudo quanto é tipo. O costume veio da época em que morava no alojamento da universidade. 'Criei um punhado de receitas, e fiquei conhecida entre os amigos como a fazedora de pães', diz. Um dos mais cotados é o que leva banana-figo, fruta trazida do sítio do pai, que fica no interior de São Paulo. É lá que ela também abastece sua despensa com outros produtos da roça. Para os leitores da Globo Rural, Neide fez um pão de taro e um macarrão com dente-de-leão como sugestões para qualquer dia da semana. Quando lhe perguntam de onde ela inventa tanta coisa, como esse cardápio, a nutricionista costuma responder pegando emprestada a frase de Riobaldo, personagem do clássico Grande Sertão: Veredas: 'eu quase nada sei, mas desconfio de muita coisa'. |
Manjericão
Com bom desenvolvimento em regiões de clima quente, o ingrediente que perfuma diferentes pratos pode ser plantado até em vasos
Texto João Mathias
Consultor: André May*
No verão, a alimentação leve é uma aliada do brasileiro para enfrentar as altas temperaturas. Médicos e profissionais da saúde recomendam um cardápio variado, com muitos legumes e folhas verdes. É bom ter cuidado com os temperos e condimentos em dias mais quentes, mas isso não quer dizer que não se pode caprichar. Com sabor e aroma intensos, o manjericão é uma ótima sugestão para fazer toda a diferença numa receita. Usado em saladas, molhos, recheios, pizzas e em várias massas, ele dá um toque especial aos pratos e, ainda melhor, pode ser cultivado até em vasos pelo próprio consumidor. Perene ou anual, o manjericão é plantado sobretudo por pequenos agricultores no Nordeste. Ambientes com muita luminosidade e chuvas regulares são os preferidos para o desenvolvimento da planta, que pode chegar a produzir por até três anos. O clima frio não agrada a todas as variedades, que podem ser determinadas pelo porte, formato da copa, tamanho e características do seu óleo essencial. Pertencente à família Laminaceae, há o manjericão com folhas grandes (Ocimum basilicum) e o com folhas pequenas (Ocimum minimum). O de cor verde é o mais conhecido, mas também existem plantas de folhas avermelhadas - mais raras e com mais aroma. O perfume do manjericão tampouco é uniforme: há variedades com fragrância doce, lembrando limão, cinamato (canela), cânfora, anis e cravo. Na região do Mediterrâneo, onde é presença comum na alimentação, o manjericão é plantado em beirais de janelas. Com propriedades que repelem insetos, afasta moscas e mosquitos. Mas suas belas flores também são vistas como ornamento. Conhecida por alguns como alfavaca cheirosa, essa planta com propriedade digestiva, antibiótica e anti-reumática é utilizada para tratamento de enjôos, problemas respiratórios e reumáticos. Das folhas ainda podem ser extraídos óleos essenciais como o linalol. O produto - que também é obtido da árvore pau-rosa, espécie em extinção encontrada na floresta amazônica - serve de matéria-prima para a fabricação de perfumes e para o processo de aromatização de alimentos e bebidas. Não se sabe ao certo da sua origem, mas há indícios de que o manjericão tenha se espalhado pelo mundo a partir do Oriente Médio, norte da África e Índia.
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Ginseng brasileiro
Muito produtiva, a planta é boa alternativa para pequenas propriedades. E há espaço no mercado para aumento da produção
Texto João Mathias
Consultor: Pedro Melillo de Magalhães*
O aumento do consumo de produtos naturais, associado à busca por maior qualidade de vida, tem estimulado o interesse pelos medicamentos fitoterápicos. Elaborados com espécies vegetais dotadas de propriedades medicinais, esses compostos beneficiam a saúde e favorecem o bem-estar de quem os consome. Uma das plantas mais utilizadas com essa finalidade é o ginseng (Panax ginseng), cujas raízes são hoje consumidas em pó, em cápsulas ou na forma de chá. E existe uma "versão nacional" dessa espécie cultivada há milhares de anos no Oriente: a Pfaffia sp., que ficou conhecida como ginseng brasileiro, devido ao formato e às qualidades de suas raízes, semelhantes aos da espécie original. O cultivo do ginseng brasileiro tem muito espaço para a entrada de mais produtores, viabilizando um volume maior de produção da raiz. As áreas de plantio ainda são insuficientes para atender à demanda de outros países. O Japão, um dos principais compradores do produto nacional, principalmente a Pfaffia glomerata, adquire cerca de 30 toneladas da planta por mês, produzidas sobretudo na bacia do Rio Paraná, PR, e na cidade de Mogi das Cruzes, SP. Com bom desenvolvimento em regiões de clima tropical, o ginseng encontra do norte ao sudeste brasileiro os locais mais adequados para o plantio. Embora mais raramente, pois não tolera ambientes de baixas temperaturas, o ginseng também é cultivado em estados mais frios, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Das 33 espécies espalhadas pela América Central e do Sul, 21 ocorrem em território brasileiro, principalmente em áreas florestais e campestres, beiras de rios e orlas das matas de galerias. Perene e de porte arbustivo, chega a atingir dois metros de altura, com caules eretos e delgados. A planta é ainda conhecido como corango, corrente, sempreviva e paratudo, e a ela são atribuídas propriedades energéticas, estimulantes e até afrodisíacas. As qualidades do ginseng brasileiro, entretanto, concentram-se em suas raízes, que passam por um processo no qual são cortadas, secas e moídas.
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Cravo-da-índia
Pouco explorada por aqui, a especiaria tem na sua produção importante atividade sócio-econômica nas áreas de plantio
Texto João Mathias
Consultor Célio Kersul do Sacramento*
Chega o fim de ano e as comemorações são sempre com muita comida, desde as tradicionais às mais diferentes. Muitos aproveitam a época para experimentar uma nova combinação de receita, misturar o doce com o salgado, a fruta com a carne, ou ainda arriscar temperos que dão aquele toque a mais à refeição especial. Mais usado em sobremesas, como doces caseiros de abóbora, mamão verde, cidra e de casca de laranja, o cravo-da-índia tem reservado seu lugar no período de festas e também como ingrediente ou item decorativo dos pratos principais. Aromático e de sabor ligeiramente amargo, o cravo-da-índia (Syzygium aromaticum L.) pertence à família das mirtáceas. É produzido por árvore de grande porte, que pode atingir até 15 metros de altura e durar mais de cem anos. No Brasil, o cultivo comercial da planta está concentrado principalmente nas cidades de Valença, Ituberá, Taperoá, Camamu e Nilo Peçanha, localizadas na região do baixo sul do Estado da Bahia, além do município de Una, mais ao sudeste baiano. Os craveiros vão bem, sobretudo, em áreas próximas ao litoral até a altitude de 200 metros acima do nível do mar. Contudo, solos de baixada e alagadiços devem ser evitados. Os mais recomendados são os argilosos, profundos, de boa fertilidade e bem drenados.
Produzida na maior parte por pequenos agricultores, a cultura responde por importante atividade sócio-econômica onde está instalada. As vendas dos botões florais secos são destinadas para uso culinário, medicinal e de perfumaria. O cravo-da-índia é digestivo, antiinflamatório, cicatrizante e analgésico, além de contar com óleos essenciais que ajudam na eliminação de bactérias bucais e melhora do hálito. Embora os botões possam ser colhidos manualmente, o método químico é o mais indicado por facilitar o processo. Com a aplicação de um produto que gera etileno, os botões florais são derrubados em três dias. Por isso, recomenda-se estender sob a copa dos craveiros telas tipo sombrite para a coleta. Por meio desse sistema, são colhidas de 60 a 80 plantas por dia, volume muito superior às 10 plantas realizadas pelo sistema tradicional.
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Antúrio
Uma das flores tropicais mais comercializadas no mundo, ainda é pouco difundida por aqui e pode ser plantada em todo o país
Texto João Mathias
Consultores: Antonio Fernando Caetano Tombolato e Roberta Pierry Uzzo*
Ainda pouco explorado comercialmente, mas com grande potencial de mercado, o antúrio é uma planta ornamental com boa adaptação às diferentes regiões brasileiras. Em estudo desde a década de 1950 pelos pesquisadores do IAC - Instituto Agronômico de Campinas, ligado à Secretaria da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, o antúrio teve suas primeiras mudas de híbridos selecionados nos anos 90. Atualmente, o órgão fornece a produtores onze variedades de um total de 130 plantas do gênero encontradas por aqui. Algumas delas ainda são bem raras por aqui, como a popularmente chamada de antúrio-mirim, encontrada apenas na Reserva Natural Vale, em Linhares, ES. Em breve, esse mesmo exemplar será batizado provavelmente com o nome hamiltonii, em referência ao jornalista José Hamilton Ribeiro, um dos seis profissionais ligados às áreas social e ambiental homenageados com o Prêmio Brasileiro Imortal, da mineradora Vale (leia na Revista Globo Rural, edição nº 278). O principal polo brasileiro produtor de antúrios é o Vale do Ribeira, em São Paulo, onde existem cerca de 1,7 milhão de plantas. Entre as cidades que se destacam no desenvolvimento da cultura na região estão Iguape e Registro. O antúrio, entretanto, pode ser cultivado em todo o Brasil, sobretudo em lugares que apresentam ambiente úmido e fresco. Apesar de a primeira inflorescência ocorrer somente após um ano de cultivo, nos anos seguintes ela surge o ano inteiro. O padrão comercial, porém, só é atingido após dois anos do início do plantio.
Originário da Venezuela e Colômbia, o antúrio foi levado nas últimas décadas do século XIX para a Europa, antes de se espalhar para outros países. No Velho Mundo, passou pelos primeiros de muitos programas de melhoramento, antes de se tornar a segunda flor tropical mais comercializada no mundo, atrás apenas das orquídeas. De bela folhagem, a planta possui flores hermafroditas que nunca se autofecundam, devido ao fenômeno da protoginia. Trata-se de um processo natural no qual há um descompasso entre as fases de desenvolvimento dos dois sexos. Enquanto a parte feminina está receptiva, a masculina ainda está imatura, o que favorece o cruzamento entre plantas diferentes. Atualmente, o gênero do antúrio engloba muitos tipos, formas, padrões de coloração, tamanhos de plantas e flores. No mercado, tanto podem ser encontrados exemplares com menos de um palmo de altura, quanto outras com mais de 1,5 metro. As flores também são diversas, variando de apenas alguns centímetros a meio metro de comprimento. O antúrio é considerado uma das flores de maior valor unitário. Na Ceagesp - Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, o preço médio da dúzia, nos últimos três anos, mantém-se entre sete e oito reais.
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Chalé codorna
Sistema de criação semi-intensivo simula ambiente natural. É barato, fácil de fazer e pode aumentar a produção de ovos em até 100%
Texto Gustavo Laredo
Ilustração Filipe Borin
Um dos maiores problemas observados na criação intensiva de codornas é que as aves geralmente ficam muito agressivas e estressadas por causa do espaço delimitado. A consequência é a baixa produtividade dos animais. A Agência Mandalla, em João Pessoa, criou um sistema para contornar esse obstáculo. O Chalé Codorna, como foi batizado, parte do princípio de que é possível criar essas aves como se fossem galinhas, soltas em piquetes. Ao simular um ambiente mais natural, percebeu-se que a qualidade da carne e dos ovos melhorou e, com isso, os ganhos de produção foram aumentados. Os primeiros rabiscos e experiências com o chalé foram feitos em agosto do ano passado. De lá para cá, o sistema está em constante aperfeiçoamento. A intenção é fazer uma casa com dois terreiros e até uma área redonda, que comportará mais de 300 codornas. Por enquanto, nesse sistema podem ser criadas até 120 aves, sendo todas fêmeas para postura ou 90 fêmeas e 30 machos para a produção de matrizes. Nesse caso, porém, é necessário utilizar chocadeira de isopor. Até agora, a invenção trouxe resultados excelentes. A média de postura aumentou para 95%. Em alguns casos, para 100%. De acordo com a Agência Mandalla, o preço médio de montagem do chalé é 200 reais e não demora mais de dois dias para ficar pronto. É fundamental fazer a limpeza periódica do lago e da cama feita de serragem, para evitar doenças. Uma dica é construir o chalé embaixo de grandes árvores, aproveitando a sombra durante os horários de sol a pino e a luz no início da manhã e fim da tarde. As codornas agradecem.
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MATERIAL
• 60 tijolos do tipo baiano
• 3 caibros de madeira de dois metros cada
• 100g de pregos
• 4 telhas onduladas de 2,44m x 0,50m
• 20kg de cimento
• 6 tapetes de grama
• 12m de tela de pinteiro
• 4m de tela de plástico
• 5 telhas de cerâmica
• 1 metro de cano ou mangueira
• 2kg de serragem com espessura de 10 centímetros
• 2kg de cal
• fio elétrico (o tamanho depende da distância da fonte 4 de energia)
• 1 lâmpada incandescente de 100 watts com bocal
• 3 latas de leite em pó
• 3 bacias pequenas
• 8 colunas de cimento armado de 70 centímetros de comprimento cada
• cola branca
PASSO A PASSO
1>>> Cimente os tijolos no solo, formando um retângulo de três metros de comprimento por dois metros de largura
2>>> Fixe as colunas de cimento nos quatro cantos do retângulo. Além dessas, coloque mais duas em cada lado maior da estrutura, a uma distância de um metro uma da outra
3>>> Corte as telhas onduladas pela metade, formando quatro pedaços de 1,22 metro de comprimento por 50 centímetros de largura. Coloque-as sobre quatro colunas de cimento e, em forma de um V invertido, fixe-as na parte superior às telhas de cerâmica
4>>> Do lado oposto ao telhado, construa o lago para as codornas. Faça-o com 1,60 metro de comprimento e 60 centímetros de largura, deixando uma borda de 15 a 20 centímetros nas laterais. Cave um buraco no solo de cinco centímetros na parte mais rasa até chegar a 20 centímetros de profundidade. Cubra o fundo com uma camada fina de cimento e cola branca para impermeabilizar. Coloque peixes nesse tanque para evitar a proliferação de larvas de mosquitos. Recomenda-se também a utilização de aguapés, que servem tanto de alimento para as codornas quanto para a oxigenação da água
5>>> Cubra as laterais da casa e todo o entorno do chalé com a tela de pinteiro. Estique-a partindo das colunas das extremidades, sempre acima dos tijolos da base, até o topo de cada coluna. Construa com os caibros uma porta de 60 centímetros de largura por 80 centímetros de altura para ser colocada em uma das laterais, facilitando assim a retirada de ovos e a limpeza do chalé
6>>> Revista o terreiro com os tapetes de grama. Deixe um espaço de terra de 20 centímetros de largura entre o lago e a grama. Antes de colocar os tapetes, forre o chão com uma camada de folhas secas, outra de barro e uma de areia. Molhe bem
7>>> Cubra o terreiro com a tela de plástico. Para dar suporte a ela, finque uma estaca de madeira bem ao centro
8>>> Coloque o cano ou a mangueira próximo do lago. Ele serve de válvula de escape quando há necessidade de fazer a limpeza do lago ou controlar o nível de água. Deixe-o tampado
9>>> Faça uma camada de dez centímetros de serragem e forre o chão da casa das codornas. Esse material é ideal para dar conforto térmico ao ambiente e facilitar a retirada dos ovos. Além disso, a serragem pode ser utilizada como matéria orgânica na compostagem
10>>> Fixe a lâmpada no teto da casinha. Encape a fiação para evitar choques elétricos
11>>> Recorte o fundo das três latas de leite em pó e faça pequenos furos na parte que ficará para baixo. Coloque cada lata em uma bacia e a ração que será dada às aves dentro das latas. A medida em que os animais vão comendo, o nível de alimento vai diminuindo. Ponha os comedouros dentro da casa
Alimentador para tanque-rede
Piscicultor de Paraguaçu, em Minas Gerais, inventa sistema simples, barato, eficiente e de alta praticidade na distribuição de ração aos peixes
Texto Gustavo Laredo
Ilustração Filipe Borin
Criar peixes nem sempre é uma tarefa fácil para agricultores familiares. A distribuição da ração nos tanques-rede de um açude precisa ser feita com a ajuda de um pequeno barco ou por meio da construção de pontes, o que encarece e dificulta a produção. O produtor Wilson Jovino de Freitas cria tilápias desde setembro de 2007 em Paraguaçu, MG. No início, a criação era extensiva - os alevinos eram soltos no açude e deixados à própria sorte, tornando-se presas fáceis para aves, anfíbios e outros peixes. A falta de controle na alimentação só dava prejuízos. Para não ficar de bolsos vazios, Freitas investiu na montagem de tanques-rede. Só que aí esbarrou em outro problema: era preciso um barco para distribuir a ração em cada tanque. Cansado das perdas, ele pegou um cano de PVC e criou um canal por onde o alimento deslizava até chegar aos peixes. Em apenas duas semanas, lá estava ele com a ideia pronta e já colhendo benefícios. Na fase de testes, a maior dificuldade foi acertar o ângulo de inclinação do cano para que a ração deslizasse facilmente e caísse no tanque. Foi preciso testar também a altura do alimentador em relação ao solo, para não apenas permitir um fácil manuseio como fazer com que o cano ficasse abaixo da tela superior do tanque e evitasse que a ração fosse comida por pássaros e outros peixes. Segundo Irai Ferreira de Souza, extensionista da Emater de Paraguaçu, o alimentador ajuda a exploração da piscicultura por agricultores familiares, pois, além de não haver necessidade de barcos e pontes, o custo de mão de obra é reduzido. 'É um equipamento que pode ser usado por toda a família', afirma. Sem falar que ele também pode aumentar a renda da propriedade, com a venda do excedente da produção. É importante que os tanques não ultrapassem 8 metros cúbicos de volume e fiquem próximos à margem do açude. O alimentador é individual, servindo para cada tanque-rede, mas o custo é baixo, pois, com exceção do cano de PVC, todos os outros materiais podem ser adquiridos na propriedade.
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Texto Gustavo Laredo
Ilustração Filipe Borin
Material • 1 cano de PVC de 6 polegadas de diâmetro e cerca de 8 metros de comprimento. Esse tamanho pode variar, dependendo da distância do tanque-rede à margem. O cano, porém, deve ter diâmetro mínimo de 4 polegadas • 1 ripa de madeira de cerca de 2,20 metros de comprimento • 1 gancho pequeno • 1 embalagem plástica grande com gargalo. Não utilize vasilhas de óleos lubrificantes ou agrotóxicos • 1 joelho de 60º • 1 pedaço de arame fino e liso • 1 lixa
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Monjolo
Equipamento rústico para moagem de grãos custa 200 reais, economiza energia, funciona bem e tem vida longa
Texto Gustavo Laredo
Ilustração Filipe Borin
Uma das máquinas hidráulicas mais simples inventadas pelo homem, o monjolo chegou ao Brasil com os portugueses durante o período colonial. E, por muito tempo, tornou-se ferramenta indispensável na lida, pois dispensava o uso de mão-de-obra escrava, que antes socava e moia os grãos em pilões. Hoje, com o avanço da tecnologia e o uso da eletricidade, o monjolo tornou-se peça de decoração e de nostalgia. Mas há ainda quem veja vantagem em utilizar o equipamento. A força da queda d'água o impulsiona como se fosse uma gangorra. De um lado, uma concha recebe a água até se encher totalmente. Isso faz com que a outra parte do monjolo, onde há uma estaca, se levante. Ao esvaziar a cuba, o movimento se inverte. E nesse sobe-e-desce, o grão vai sendo socado e moído dentro de um pilão. Obviamente que a tarefa é mais demorada, se comparada ao uso de equipamentos elétricos. No entanto, há considerável economia de energia, sem falar no charme de se ter uma peça rústica na propriedade. Para montá-lo, não se gasta mais do que três dias. O custo para fazê-lo é de 200 reais, em média, contando o preço da mão-de-obra. Um valor relativamente baixo, pois a vida útil do equipamento é longa. De acordo com o engenheiro Ângelo Stano Júnior, do Cerpch - Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas, o desgaste maior é da estaca, ou 'mão', e do eixo. 'Mas são partes que podem ser substituídas sem grande dificuldade e a baixo custo', afirma. |
Texto Gustavo Laredo
Ilustração Filipe Borin
Antes de furar o eixo, faça um teste e veja se o monjolo sobe e desce com a força da água MATERIAL |
Texto Gustavo Laredo
Ilustração Filipe Borin
1>>>Faça uma cuba trapezoidal em uma das extremidades do pedaço de madeira principal. Escave a madeira com a serra, a enxó ou o machado. Serre as laterais do tronco, dando forma ao monjolo 2>>>Próximo à outra extremidade do tronco, faça um furo para a passagem da 'mão' do monjolo 3>>>Serre as laterais do pedaço de madeira de 12 centímetros de largura e seis de espessura para a formação da estaca do monjolo, afinando-o na ponta. Repare que esta peça se parecerá com um dente. Faça a cavilha, pois é ela que fixará a estaca ao monjolo 4>>>Faça um teste para ver se o monjolo consegue bascular. Para isso, coloque um toco roliço embaixo do equipamento e, em seguida, encha de água a cuba. Se a parte onde será encaixada a 'mão' não se levantar, modifique a posição do toco. Marque o exato ponto onde foi possível fazer com que o monjolo bascule e faça o furo para colocar o eixo 5>>>Perfure a outra tora de eucalipto, fazendo um buraco cônico na madeira. Deixe a base para que o pilão consiga se fixar no solo. Lembre-se que o tamanho do pilão é proporcional ao comprimento da 'mão', que deve chegar ao fundo desse recipiente para socar e moer o grão 6>>>Coloque um pedaço de madeira em cada lado do monjolo alinhado ao eixo. Fixe-os ao tronco principal com as porcas e os parafusos. Certifique-se de que eles estão bem presos ao solo
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