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terça-feira, 28 de julho de 2009

Nectarina



Fruta suculenta, resultante do cruzamento do pêssego com a ameixa vermelha, de sabor doce e ligeiramente ácido, é consumida principalmente in natura

Texto João Mathias
Consultor Edvan Alves Chagas e Rafael Pio*


A safra vai de outubro a janeiro nas principais regiões produtoras do país. O grosso da colheita é feito, porém, em novembro. Espécie de origem chinesa, assim como o pêssego, de quem descende diretamente, a nectarina (Prunus pérsica L. Batsch nucipersica) tem como principal diferença de seu progenitor a casca lisa e o maior teor de brix (a taxa de açúcar). Bem adaptada ao clima temperado brasileiro, a fruta tem seu cultivo concentrado nas regiões Sul e Sudeste do país, sobretudo nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Contudo, graças a trabalhos de melhoramento genético em instituições de pesquisas, há cultivares de nectarinas para plantio em regiões de clima temperado e subtropical.

O IAC - Instituto Agronômico de Campinas dispõe de diversas cultivares que não necessitam do clima frio para garantir um crescimento saudável da fruteira. Atualmente, a mais recomendada entre elas é a aurojima, cuja qualidade é considerada de nível excelente pelo órgão agrícola. Pequenos pomares localizados nos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo vêm cultivando tais variedades, com bastante sucesso.

O plantio de nectarinas vai bem em áreas com pouco espaço e não apresenta demandas técnicas complicadas. Bem conduzidas, as árvores atingem 2,5 metros de altura, no máximo. Na opinião de agrônomos e produtores experimentados, é uma boa alternativa para o cultivo em chácaras e pomares pequenos. Qualquer que seja o local escolhido para o plantio, o preparo e a adubação das covas devem ser realizados de acordo com as análises de solo e foliar - as folhas são retiradas antes da colheita, quando estão completamente formadas.

Na composição da nectarina são encontrados vários nutrientes importantes para a saúde humana. A fruta é rica em vitamina A, niacina (vitamina do Complexo B) e, em menor quantidade, vitaminas C, K, B5, ferro e pectina, que ajuda a controlar os níveis de colesterol do sangue. Consumida principalmente in natura, também pode ser utilizada para elaborar doces e sorvetes.

Nectarina

Texto João Mathias
Consultor Edvan Alves Chagas e Rafael Pio*


Raio X
SOLO: quebradiço e profundo
CLIMA: temperado e subtropical
ÁREA MÍNIMA: pode ser cultivada em pequenas chácaras
COLHEITA: cerca de dois anos após o plantio
CUSTO: 4,50 reais a muda
Mãos à obra
A produtividade varia de 25 a 40 toneladas por hectare
INÍCIO - Utilize mudas enxertadas para começar o plantio, pois além de garantirem a origem da cultura, também se desenvolvem mais rápido. Se a escolha for por raízes nuas, o plantio deve ser realizado entre julho e agosto. No caso de mudas de saquinho, porém, pode ser feito em qualquer época do ano. No entanto, é preciso assegurar disponibilidade de irrigação no local ou então dê preferência para os meses da estação das águas.
PLANTIO - A planta se desenvolve bem em solos friáveis - que são quebradiços - e profundos. Se necessário, faça a calagem. Adicione calcário ao solo para elevar a saturação por bases a 70%. Por meio de aração ou gradagem, distribua o corretivo pelo terreno antes do plantio ou durante a produção do pomar.
ESPAÇAMENTO - Há duas opções de espaçamento para o cultivo da nectarina, de acordo com o sistema de condução da planta. Quando feito em forma de vaso - em torno de quatro pernadas (ramos) dispostas radialmente no caule principal -, as medidas indicadas são 6 x 4 metros ou 5 x 3 metros. Mas podem diminuir para o espaçamento de 7 x 2 metros ou 6 x 2 metros se a árvore for conduzida em forma de Y - duas pernadas no caule principal.
AMBIENTE - O melhor clima para o cultivo de nectarina é o clima temperado. Porém, a planta conta com variedades que apresentam bom desenvolvimento em regiões onde o clima é subtropical - no inverno, a temperatura varia de 10 a 20 graus.
ADUBAÇÃO - Há três tipos, mas todos com recomendação de adubação foliar e/ou fertirrigação com micronutrientes. No plantio, aplique trinta dias antes em cada cova 15 quilos de esterco de curral bem curtido; um quilo de calcário magnesiano; 200 gramas de P2O5 e 100 de ClK. Reserve 60 gramas de nitrogênio para cobrir ao redor da brotação das mudas. Separe o produto em quatro partes de 15 gramas e, a cada dois meses, incorpore uma parcela. Na adubação de formação, acrescente de 60 a 120 gramas de N, P2O5 e K2O. Entre os componentes, apenas o nitrogênio deve ser dividido em quatro vezes e colocado de dois em dois meses. A partir do quarto ano em produção, adube de acordo com a análise de solo e foliar.
CUIDADOS - A nectarina está sujeita ao ataque de doenças, como podridão parda, ferrugem e bacteriose. Como a maioria das doenças é causada por fungos, use fungicidas específicos para cada caso. Pulgão, mosca das frutas e grafolita são os principais insetos que causam danos ao plantio da fruta. O controle com a aplicação de inseticidas é recomendado somente quando necessário. Meios eficazes para afastar as pragas são o ensacamento dos frutos e a construção de armadilhas, como as do tipo delta. Também podem ser usadas garrafas plásticas de dois litros, com furos na parte superior. Encha um terço do volume do frasco com suco de pêssego ou de uva e acomode-as no interior da copa.
PRODUÇÃO - Em geral, a nectarina começa a produzir dois anos após o plantio. Porém, mudas de boa qualidade já dão frutos em 12 meses. Em média, a produtividade atinge de 25 a 45 toneladas por hectare em condições ideais de cultivo. No estado de São Paulo, a colheita ocorre de agosto até o fim de novembro. Na região Sul, inicia-se em novembro e estende-se até janeiro e fevereiro do ano seguinte. Para evitar danos nas frutas, indica-se colher utilizando sacolas revestidas de tecidos macios e com fundo aberto.

* Edvan Alves Chagas é diretor e pesquisador do Centro de Fruticultura/IAC, Av. Luis Pereira dos Santos, 1500, CEP 13214-820, Jundiaí, SP, tel. (11) 4582-7284, echagas@iac.sp.gov.br; e Rafael Pio é professor da Unioeste - Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Rua Pernambuco, 1777, C.P. 1008, CEP 85960-000, Marechal Cândido Rondon, PR, tel. (45) 3284-7901, rafaelpio@unioeste.br
Onde comprar: As mudas podem ser adquiridas no Centro de Fruticultura, Av. Luis Pereira dos Santos, 1500, CEP 13214-820, Jundiaí, SP, tel. (11) 4582-7284, frutas@iac.sp.gov.br
Mais informações: Embrapa Clima Temperado, Rodovia BR-392, Km 78, Caixa Postal 403, CEP 96001-970, Pelotas, RS, tel. (53) 3275-8100