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terça-feira, 28 de julho de 2009

Monjolo



Equipamento rústico para moagem de grãos custa 200 reais, economiza energia, funciona bem e tem vida longa

Texto Gustavo Laredo
Ilustração Filipe Borin


Uma das máquinas hidráulicas mais simples inventadas pelo homem, o monjolo chegou ao Brasil com os portugueses durante o período colonial. E, por muito tempo, tornou-se ferramenta indispensável na lida, pois dispensava o uso de mão-de-obra escrava, que antes socava e moia os grãos em pilões. Hoje, com o avanço da tecnologia e o uso da eletricidade, o monjolo tornou-se peça de decoração e de nostalgia. Mas há ainda quem veja vantagem em utilizar o equipamento.

A força da queda d'água o impulsiona como se fosse uma gangorra. De um lado, uma concha recebe a água até se encher totalmente. Isso faz com que a outra parte do monjolo, onde há uma estaca, se levante. Ao esvaziar a cuba, o movimento se inverte. E nesse sobe-e-desce, o grão vai sendo socado e moído dentro de um pilão. Obviamente que a tarefa é mais demorada, se comparada ao uso de equipamentos elétricos. No entanto, há considerável economia de energia, sem falar no charme de se ter uma peça rústica na propriedade.

Para montá-lo, não se gasta mais do que três dias. O custo para fazê-lo é de 200 reais, em média, contando o preço da mão-de-obra. Um valor relativamente baixo, pois a vida útil do equipamento é longa. De acordo com o engenheiro Ângelo Stano Júnior, do Cerpch - Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas, o desgaste maior é da estaca, ou 'mão', e do eixo. 'Mas são partes que podem ser substituídas sem grande dificuldade e a baixo custo', afirma.

Efeito gangorra

Texto Gustavo Laredo
Ilustração Filipe Borin



Antes de furar o eixo, faça um teste e veja se o monjolo sobe e desce com a força da água

MATERIAL
• 1 tronco roliço de madeira de eucalipto para a formação da parte principal do monjolo. O tamanho dessa peça é proporcional à altura da queda d'água. Quanto maior o desnível de água, maior deve ser o monjolo. O diâmetro da tora deve ser suficiente para a construção de uma cuba funda
• 1 pedaço de madeira de 12 centímetros de largura e seis de espessura para a construção da estaca ou 'mão' do monjolo. O comprimento dessa peça depende do tamanho do monjolo
• 1 tora de madeira para o pilão. As dimensões do pilão também estão relacionadas ao tamanho do monjolo e da 'mão'
• 2 pedaços de madeira para a fixação do eixo no solo
• machado
• serrote
• furadeira ou pua
• enxó
• motosserra ou serra circular
• Porcas e parafusos

Passo a passo

Texto Gustavo Laredo
Ilustração Filipe Borin



1>>>Faça uma cuba trapezoidal em uma das extremidades do pedaço de madeira principal. Escave a madeira com a serra, a enxó ou o machado. Serre as laterais do tronco, dando forma ao monjolo

2>>>Próximo à outra extremidade do tronco, faça um furo para a passagem da 'mão' do monjolo

3>>>Serre as laterais do pedaço de madeira de 12 centímetros de largura e seis de espessura para a formação da estaca do monjolo, afinando-o na ponta. Repare que esta peça se parecerá com um dente. Faça a cavilha, pois é ela que fixará a estaca ao monjolo

4>>>Faça um teste para ver se o monjolo consegue bascular. Para isso, coloque um toco roliço embaixo do equipamento e, em seguida, encha de água a cuba. Se a parte onde será encaixada a 'mão' não se levantar, modifique a posição do toco. Marque o exato ponto onde foi possível fazer com que o monjolo bascule e faça o furo para colocar o eixo

5>>>Perfure a outra tora de eucalipto, fazendo um buraco cônico na madeira. Deixe a base para que o pilão consiga se fixar no solo. Lembre-se que o tamanho do pilão é proporcional ao comprimento da 'mão', que deve chegar ao fundo desse recipiente para socar e moer o grão

6>>>Coloque um pedaço de madeira em cada lado do monjolo alinhado ao eixo. Fixe-os ao tronco principal com as porcas e os parafusos. Certifique-se de que eles estão bem presos ao solo


Mais informações: Cerpch - Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas - Avenida BPS, 1303, CEP: 37500-903, Itajubá, MG. Tel. (35) 3629-1278 - www.cerpch.unifei.edu.br