Do GG ao pp

domingo, 5 de julho de 2009

Morreu um anjo


farrah.jpgQuando eu era criança, não tinha pra ninguém. A mulher mais linda e famosa era Farrah Fawcett. Todas queriam ter seus cabelos esvoaçantes, o corpo longilíneo, o sorriso de dentes inacreditáveis. Essa foto aí do lado marcou uma era. Já ficava colada nas paredes dos salões de beleza. “Eu quero meu cabelo assim”, dizia a cliente. Pobres cabeleireiros. Às vezes a poderosa Gisele Bundchen me lembra Farrah em seu auge. Não acham?

Em 1977, quando eu tinha uns oito anos, o seriado As Panteras começou a passar no Brasil. Não havia menina que não quisesse ser como elas. No momento de afirmação da emancipação femina, as Charlie´s Angels, como a série se chamava no original, eram detetives independentes, corajosas, inteligentes - e lindas, claro. Perfeitas.
Com as minhas amigas de rua ou na escola, eu brincava de ser pantera. Isso era comum num tempo em que não havia computador ou videogame, um tempo em que a TV era o centro de nossas vidas. A gente combinava quem era quem e fazia um teatrinho para nós mesmas, imitando as histórias da série ou inventando as nossas. Cheguei a fazer uma “fotonovela”, em slides, com a ajuda do pai de duas amigas. Única loura da turma, eu era sempre a Jill, personagem de Farrah. Jill Monroe. Adorava. Se alguém queria o posto, o argumento era simples e infalível: você tem cabelo preto, não pode. Eu jogava meu cabelo liso pra frente e pra trás, loucamente, pra ver se ele enchia e ficava parecido com o dela.

Nos nossos códigos panterescos, Sabrina era “a mais inteligente” e Kelly a “boa de briga”. Jill era tudo junto e ainda era vivida por uma atriz que estava em todas as revistas e assuntos, forçando as outras à coadjuvação. Depois de alguns anos, Farrah saiu de As Panteras. Ela estava muito além de apenas ser Jill. Era uma estrela, a Angelina Jolie daquele tempo. No seu lugar, contrataram a simpatiquinha Cheryl Ladd - ela fazia Cris, irmã de Jill, que entrava em seu lugar. O fantasma da irmã fabulosa nunca a abandonou. No ano seguinte, Farrah fez uma participação. Não deveriam ter feito isso. Ficou claro o quanto ela fazia falta. Ofuscou as outras. As panteras não passavam de gatinhas perto dela.
Hoje a estrela morreu, aos 62. Tinha câncer há três anos, não fazia sucesso há muitos. Aliás, acho que nunca fez nada muito marcante além de As Panteras. Em uma das últimas entrevistas, reclamou dos paparazzi que a perseguiam. Ela queria sofrer em privacidade. Pensei: será? Não passou muito tempo, fez um documentário para a NBC, chamado “Farrah´s Story”, em que ela contava sobre seus dias de doença, em primeira pessoa. Ah, bom. Seu último feito foi ter casado, já no último ano de vida, com Ryan O´Neal, companheiro de toda a vida e um dos atores mais lindos de todos os tempos. Coisa de pantera.