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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Redução de medidas

Desenvolvido em Campinas, o Método Barthelson de Emagrecimento, que integra alimentação e exercícios físicos, promete acabar com o efeito sanfona. Entre os trunfos, o programa ensina o ex-obeso a pensar como uma pessoa magra

Kátia Nunes
katian@rac.com.br

Em tempos de cirurgia de redução de estômago e lipoaspiração – que apresentam resultados rápidos, mas nem por isso com menos empenho e determinação –, ainda há quem prefira fazer uma alimentação balanceada e praticar exercícios para perder peso.

A empresária Alexandra Caprioli Fontolon, de 38 anos, passou do manequim 54 para o 38 em oito meses e reduziu um número no calçado depois de se submeter a um programa de reeducação alimentar e incorporar exercícios físicos em sua rotina. Antes de recorrer à cirurgia de redução de estômago, ela decidiu fazer uma última tentativa de emagrecimento, quando viu uma funcionária e sua própria mãe perderem peso em pouco tempo.

Enquanto a Alexandra de dois anos atrás não conseguia caminhar por mais de 15 minutos, a de hoje, com 50 quilos a menos, corre de 10 a 15 quilômetros a cada saída, passeia de moto com o marido, veste roupas justas e coloridas e se considera uma vitoriosa. “Agora me sinto capaz de tudo. Passei a ter essa determinação em outros aspectos da minha vida, e isso tem me ajudado a manter tudo resolvido”, observa.

A mãe da empresária, Maria Antonia Caprioli dos Santos, de 61 anos, perdeu 30 quilos e está bem perto do peso que tinha quando era solteira. Por ter começado a dieta praticando exercício regularmente, emagreceu sem ficar flácida e hoje é elogiada por onde passa.

A “transformação” é notada e aprovada por todos os amigos, inclusive pela dona da butique onde ela compra roupas, que viu suas medidas cederem radicalmente. “Estava disposta a emagrecer, só não sabia como. Fiz o regime para me agradar e, conseqüentemente, agradei aos outros. Sinto-me muito bem agora e os elogios me colocam lá em cima”, entusiasma-se.

Depois de perder 18 quilos há um ano, Daniel Pioli, de 34, administrador que atua em comércio exterior, está com a auto-estima em ordem. “Hoje sou capaz de atrair a atenção por um aspecto positivo e não porque estou gordo”, compara.

De regime a vida inteira, a comerciante Zilda Pinto Zakia, de 53 anos, está no meio do tratamento para perder peso e em dois meses emagreceu 16 quilos. Depois de experimentar vários métodos, pela primeira vez Zilda está satisfeita com o resultado, que além de rápido lhe proporciona um extremo bem-estar. “A gordura me impedia de muita coisa. Hoje estou ágil”, ressalta.

Compromisso prazeroso

Para Alexandra Caprioli Fontolon, a mudança para melhor não foi apenas física. Se antes a prática do exercício era motivada pela perda de peso, hoje é por puro prazer. A empresária não se imagina mais sem atividades físicas. “Criei comigo um compromisso e aproveito as caminhadas para pensar e refletir. Quando corro, observo meu corpo e descubro meus limites”, explica.

A boa alimentação hoje impera na casa de Alexandra, a ponto de contagiar a família. O marido Alberto perdeu quatro quilos só pelo fato de incorporar hábitos alimentares mais saudáveis. O filho Leonardo, de 6 anos, surpreende os colegas na escola por gostar muito de frutas e sucos naturais.

Um dos maiores prazeres de Maria Antonia Caprioli dos Santos hoje – além de usar jeans, saltos e entrar num terninho número 42 – é comer doce. Quando estava muito acima do peso, ela “fugia” deste que é um dos maiores inimigos dos obesos. Hoje, Maria Antonia faz questão de freqüentar uma doçaria da cidade todas as tardes. “Passei a sentir necessidade de comer doce. Talvez porque sinta mais frio por não ter aquela ‘manta’ que me cobria antes. Como com prazer, pois sei que isso não prejudica minha rotina saudável. Me dou esse direito”, afirma.

Antes do tratamento, Daniel Pioli não encontrava tempo para praticar exercícios, tampouco para comer quando sentia fome. Ele não tomava café da manhã, almoçava tarde (quando conseguia fazer a refeição) e descontava toda sua fome no jantar, realizado pouco antes de dormir.

A disciplina que permeou o tratamento para emagrecer tornou-se hábito e agora, além de fazer refeições leves a cada três horas, Daniel arranjou tempo para se cuidar. Embora não tenha mudado de emprego, ele consegue se exercitar praticamente todos os dias.

Dois pesos, uma medida

Mesmo sendo uma mudança positiva, a cabeça de um ex-gordo tem que processar muita coisa. Quase dois anos depois, Alexandra Caprioli Fontolon ainda não consegue olhar uma roupa número 38 numa loja e achar que vai servir nela. Na primeira vez em que renovou o guarda-roupa, no meio do tratamento, quando já tinha perdido 25 quilos, Alexandra levou para o provador peças com numeração que iam de 44 a 50. Experimentou todas as roupas, indo da maior para a menor. Surpresa por entrar no manequim 44, telefonou radiante para parentes e amigos para contar a novidade. “Não me via magra desde a adolescência, com exceção das fases em que eu parecia uma sanfona”, conta.

Alexandra, que também é professora no curso de Turismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), soube que seus alunos estavam fazendo bolão para ver quem acertaria a cirurgia que ela tinha feito para emagrecer. Numa festa, foi confundida como amante do próprio marido. E já teve que ouvir lembranças e cumprimentos a uma irmã que não existe.

Na leitura que Alexandra faz de si mesma, ela compreende estar tratando os amigos com mais carinho e ternura, pois recebe muitos elogios. “A gordura é uma amargura interna que a pessoa não deixa transparecer, mas que a acomete e incomoda diariamente”, diz. “Tirei dois pesos das costas: o que era mostrado na balança e o que me deixava angustiada todos os dias”.

Método de emagrecimento

Alexandra Caprioli Fontolon, Maria Antonia Caprioli dos Santos e Daniel Pioli emagreceram por meio do Método Barthelson de Emagrecimento, o mesmo que Zilda está fazendo atualmente. Desenvolvido há dez anos pela educadora física Cuca Barthelson, o método tem por princípio a reeducação alimentar e a prática de atividades físicas personalizadas.

Segundo Cuca, o obeso a contrata por dois meses e, neste período, emagrece entre 12 e 17 quilos, conforme o desempenho e a força de vontade do cliente. Se precisar perder mais peso, a contratação dos serviços é ampliada.

Para calcular quanto uma pessoa tem que emagrecer, Cuca utiliza uma fórmula matemática “secreta”. A partir daí, o cliente recebe um programa de exercícios físicos e dieta, que garante perda de peso em pouco tempo, com saúde e sem flacidez.

Cuca sugere ao adepto do programa um cardápio com receitas testadas por ela. O cliente deve anotar num caderno informações do dia, como os horários e o menu das refeições, se o intestino funcionou, se viveu situações de irritação, entre outros detalhes. A pessoa deve subir na balança diariamente e informar o peso do dia por telefone à Cuca. Os encontros individuais com ela ocorrem duas vezes por semana, quando as conversas e atividades físicas em academia ou no Parque Portugal (Lagoa do Taquaral) complementam o programa.

“Trabalhando só o cliente e eu há um clima de segurança e desinibição para encarar o espelho e os equipamentos de ginástica. A aula é feita com calma. Tenho a oportunidade de tirar dúvidas, ouvir anseios, trabalhar o corpo e a mente, estimulando o cliente a vencer os obstáculos e adotar uma vida saudável, longe de doenças”, afirma.

Após a conquista do peso ideal, inicia-se a fase da manutenção, que é o processo de desaceleração do organismo do emagrecimento para a vida normal. “É quando o aluno aprende a pensar como uma pessoa magra, que não está mais fazendo tratamento e, sim, que sabe se alimentar corretamente. Ele assimila a consciência de que pode comer de tudo, sem exagero e nas horas certas”, ensina.

De acordo com Cuca, o Método Barthelson de Emagrecimento é eficaz para pessoas com obesidade mórbida ou não e para portadores de doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, colesterol alto, triglicéredes e outros problemas causados pelo excesso de gordura. O cliente passa por uma avaliação, que custa R$ 120.