A cama fica escondida
Durante o dia, este apartamento exibe uma sala aconchegante. À noite, ela se transforma num confortável quarto. A reforma conquistou ambientes multiúso e a marcenaria, bem explorada, fez render cada centímetro – tem até home theater e closet.
Existe apenas uma porta neste apartamento de 50 m². “Demoli quase todas as paredes internas e resolvi demarcar os espaços com painéis de madeira”, explica a arquiteta Regina Adorno. Um deles, giratório, abriga equipamentos de home theater e separa a área da cozinha. O outro painel delimita home office, banheiro e closet, além de esconder uma cama retrátil. Foram necessários cinco meses de reforma para o imóvel convencional, de dois dormitórios, mudar de cara. No novo espaço, multiúso, o proprietário, um executivo recém-separado, recebe as filhas de 10 e 12 anos nos fins de semana. Quando elas chegam, ocupam o sofá-cama. “Disputamos partidas animadas de videogame. O apartamento vira um playground”, conta o morador. “O trunfo do projeto é proporcionar a boa circulação numa área reduzida.”
Casa Claudia desse mês também publicou um apartamento de 70 m² com cimento queimado nas paredes e apartamento de 71 m² com armário dupla face.
RENOVAR: Casa gostosa, moradores felizes
Nas matéria a seguir, você confere as histórias de quem ousou mudar o visual dos ambientes. Alguns encararam o quebra-quebra, outros preferiram mexer apenas na roupagem dos móveis e trocar objetos e acessórios. Todos, no entanto, têm uma certeza: a vida ganhou outro sabor depois destas transformações.
Sala reabilita os móveis antigos
O decorador Fernando Piva conquistou carta-branca para remodelar a sala deste apartamento em São Paulo. "Confiei no bom gosto dele", diz a dona, Maria Luiza Fakhoury, que garante ter se emocionado quando viu o resultado. Em dois dias, Piva forrou a parede com retalhos de papel, definiu uma nova distribuição para os móveis, supervisionou a colocação das cortinas e capas nas almofadas do sofá. Anteriormente, já havia definido os tons da cartela de tecidos: cru, rosê, vinho, verde e mostarda. Para as cadeiras francesas, herança da avó de Maria Luiza, escolheu um chenile mesclado, que atualizou o conjunto. O sofá também foi renovado com capas de changeant, um tecido com brilho, e arremate de pesponto duplo. "Voltado para a entrada, o sofá agora convida a sentar", diz o decorador. "A sala de 26 m2 parecia acanhada porque concentrava toda a mobília do lado direito."
DESTAQUE - O painel de retalhos de papel de parede (Wallpaper) combina diferentes texturas e tons - da mesma gama da dos tecidos. A ordem foi definida no local depois de se prender cada pedaço com fita crepe. Um colocador finalizou o serviço.
Cozinha inaugura outra distribuição
"Queremos uma cozinha sem armários convencionais e com jeito de sala." Esse foi o pedido do casal à arquiteta Paula Bittar, contratada para projetar e executar a reforma deste apartamento dos anos 70. Paula começou, então, eliminando a parede entre esse ambiente e a copa. No quebra- quebra, descobriu um pilar, que não podia ser removido. "Decidi encostar ali o fogão, criando uma espécie de ilha", revela a profissional. Nas costas do equipamento, reservou um canto para refeição e enobreceu toda a área com tacos de amêndola, o mesmo piso das salas. Apenas a parte molhada recebeu porcelanato e um frontão de silestone de 40 cm de altura, material repetido na bancada. Nas paredes, usou tinta acrílica antimofo. A cor cereja foi resolvida depois de muita conversa com o casal. "Ela queria armários coloridos, mas ele achou que ficaria cansativo", conta a arquiteta.
DESTAQUE - O armário sem puxadores ganhou uma pintura gofrato sobre o MDF e três nichos para arejar o bloco de 4,40 m de comprimento. A altura de 1,95 m foi determinada pela viga no teto. O módulo sobre a geladeira armazena bandejas.
Quarto bonito, sem quebra-quebra
Faltavam charme, cortinas e aconchego neste ambiente, de 14 m2, de um apartamento com vista para a cidade de São Paulo. Amiga do dono, a arquiteta Zoé Gardini sugeriu uma transformação geral, a começar pelas paredes, com quinas arredondadas, e portas em arco. Os donos, no entanto, exigiam uma reforma rápida, sem grandes obras. "Bolei montantes de madeira, para colocar nos cantos, e placas próximas ao teto, para esconder a curva da porta. Depois pintei tudo de branco", conta Zoé. A cabeceira antiga foi substituída por duas pranchas de teca de reflorestamento. "Elementos naturais aquecem a decoração", explica a arquiteta, que selecionou ainda toras de árvore para as mesas laterais. Do outro lado da cama, escolheu um criado-mudo branco de linhas retas para dar contraste, assim como os abajures cromados. Os tons de azul, amarelo e verde das almofadas casam com a tonalidade do painel.
DESTAQUE - Duas pranchas de teca de 80 cm de largura x 2,30 m de altura compõem esta cabeceira. Elas foram compradas na EcoLeo, loja especializada em madeira de reflorestamento e uma das vencedoras do Prêmio Planeta Casa de 2004.
Banheiro investe nas pastilhas>
Conviver com azulejos floridos e cor-de-rosa não estava nos planos do advogado Luciano Reginato, que tratou de acionar o amigo Roberto Negrete para planejar a reforma do banheiro num sobrado de vila dos anos 40.
A primeira providência foi redistribuir as peças no espaço. "A planta desperdiçava a área do fundo, que reservei para o boxe", fala Negrete. Inicialmente, Luciano pediu revestimentos cinza e pretos, mas aceitou o argumento do amigo. "Ficaria escuro e precisávamos explorar a luz natural para ter amplidão", afirma Negrete. Pastilhas de cerâmica branca, repetidas em paredes, piso e bancada, encarregaram-se desse efeito. Outros recursos que fazem o banheiro de 4,77 m2 parecer maior: vidro fixo em vez de boxe e bancada mais baixa, com 10 cm a menos do que os 80 cm tradicionais.
DESTAQUE - Uma simples bancada deixaria o visual monótono, por isso Negrete quis plantar ali um bambu-mossô. "Luminosidade e ventilação havia de sobra e a drenagem poderia escorrer pelo boxe", diz. Paisagismo de Thelma Figueiró.
Palnta do banheiro depois da reforma.
"Que tivesse referências à cultura grega." Com apenas esse pedido, Mary, uma pesquisadora de línguas apaixonada pelo mundo antigo, encomendou o projeto de sua morada na praia ao casal de amigos Mônica e Paulo Augusto Pedreira, arquitetos de São Paulo. Os dois idealizaram um desenho que dispensou beirais nas ilhas gregas, as casas se encerram com a laje, onde as frutas são deixadas para secarem ao sol. O cuidado com a natureza também imperou nos mínimos detalhes durante toda a execução da obra. E não haveria de ser diferente. Em meio a uma reserva ambiental, na região do Guarujá, litoral de São Paulo, pouquíssimas árvores foram removidas. E retirou-se o mínimo possível de terra para acomodar a casa, que permaneceu suspensa por uma laje de concreto, conferindo leveza ao projeto e menor impacto à preciosa e rica flora do lugar. Cores que se misturam com as tonalidades do Mediterrâneo foram investigadas "até chegarmos ao roxo", diz Paulo.