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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Dan Brown explica símbolo da maçonaria na nota de dólar


Um dos melhores contadores de história do mundo dedica seu novo livro a uma religião secreta rodeada de polêmicas.

O repórter Jorge Pontual conversou com Dan Brown para entender como a maçonaria atraiu uma lista tão grande de líderes históricos, e por que ainda é acusada de ter um pé no satanismo.

O mistério da maçonaria é o principal ingrediente do novo sucesso do escritor Dan Brown, "O Símbolo Perdido". O autor do megasucesso "O Código Da Vinci", contou ao Fantástico que no livro anterior ele pergunta o que aconteceria se Jesus não fosse divino, mas apenas um profeta. No novo romance, a questão é se o ser humano teria poderes divinos, uma ideia que segundo ele vem da maçonaria.

Toda a trama, cheia de peripécias, perseguições e surpresas, se passa em um domingo à noite em Washington, a capital americana, uma cidade cheia de símbolos da maçonaria. Alguns são bem evidentes, como o obelisco, símbolo da divindade, com uma pirâmide, que representa a evolução dos seres humanos. A influência dos maçons se refletiu na criação da biblioteca do Congresso americano, hoje a maior do mundo.

Um dos momentos mais emocionantes do livro é quando os heróis entram no salão de leitura da biblioteca do Congresso americano, descrito como o são mais bonito do mundo. Eles estão fugindo de uma equipe da SWAT e se escondem entrando por uma porta.

A república americana foi criada por um grupo de maçons, entre eles Benjamin Franklin, John Adams e o primeiro presidente, George Washington.

Um dos templos da maçonaria na cidade, onde os murais mostram o fundador da nação com o avental de pedreiro dos maçons lançando a pedra fundamental do capitólio, é o prédio do congresso americano.

Dan Brown lembra que o símbolo mais sagrado da nação, que está nas notas de dólar, é a pirâmide da maçonaria, encimada por um olho que simboliza a sabedoria. Segundo o escritor, a pirâmide incompleta, sem o vértice, é um símbolo de que o ser humano, e o país, nunca estão prontos, sempre podem se aperfeiçoar.

O escritor destaca que, ao contrário do que muitos acreditam, os Estados Unidos não foram fundados como uma nação cristã. Os fundadores eram maçons que seguiam o deísmo, uma religião universal que usa os símbolos de todas as crenças, e acredita que todos os homens nascem iguais, com o direito à liberdade de culto.

Sobre o altar do templo maçom, estão os livros das principais religiões: não só a bíblia cristã, como a torá dos judeus, o corão dos muçulmanos, e as escrituras de outras tradições. O salão do templo, na capital americana, é o cenário da cena final do livro de Dan Brown, e certamente será recriado com muito mais colorido quando o filme for feito.

O templo é exatamente como Dan Brown descreve. No fundo, o trono do grande comandante soberano da ordem, o altar em torno do qual se realizam os rituais secretos. Mas os maçons negam que o iniciado tome sangue em uma caveira como Dan Brown conta no livro. Segundo eles, isso é só imaginação do autor.

Dan Brown diz que na verdade os maçons usam vinho em vez de sangue, mas insiste que a caveira é usada no ritual da quinta libação, escrito num livro por um dos primeiros presidentes dos Estados Unidos, John Adams.

O templo é a sede do rito escocês da maçonaria, uma corrente fundada nos Estados Unidos, à qual pertenceram 15 presidentes americanos. O último foi Gerald Ford, nos anos 70.

Os líderes são mestres do grau 33, o máximo a que se pode chegar na maçonaria. Dan Brown explica que esse é um número místico, a idade de Cristo ao ser crucificado, e o número de vértebras da nossa coluna vertebral.

Muitos, em especial os fundamentalistas cristãos, atacam a maçonaria como um culto satânico, mas Dan Brown insiste que os símbolos e rituais da maçonaria não são sinistros nem malignos. Pelo contrário, significam tolerância religiosa e espiritualidade universal.

Para Dan Brown, o importante é que as pessoas procurem entender os símbolos e as crenças dos outros, e tenham menos preconceitos.

Maçonaria teria influenciado fatos históricos do Brasil

No Brasil, estima-se que existam 150 mil maçons frequentando templos como um que existe na cidade do Rio de Janeiro.

Todos com uma grande missão. “Promover a fraternidade humana”, afirma Waldemar Zveiter, grão-mestre da Maçonaria. Mas eles não vão aparecer agora, diante das câmeras. “A maçonaria, acima de tudo, é discreta”, explica Zveiter.

O grão-mestre de uma loja maçônica explica: apenas os iniciados podem participar dos rituais secretos que são realizados em um salão, repleto de símbolos. E não é qualquer um que entra na irmandade.

“Ele precisa ser apresentado. Ele se compromete com a maçonaria a ser um cidadão útil à comunidade onde ele está vivendo. Útil a si, a sua família, à sociedade”, explica Zveiter.

Uma vez aceito, o aprendiz de maçom aprende códigos valiosos. “Um maçom é identificável em qualquer lugar do mundo. Se um maçom estiver perdido em Xangai, sem dúvida alguma, em pouco tempo, vai chegar um maçom nacional que vai perguntar para ele: ‘O senhor está com alguma dificuldade? Posso te ajudar?”, conta Zveiter.

Com sua filosofia libertária, a maçonaria tem influenciado grandes eventos da nossa história. “A própria proclamação da independência do Brasil, a liberdade dos escravos, e tantos outros, como a proclamação da República”, enumera Zveiter.

Entre os maçons mais influentes estariam Dom Pedro I, Tiradentes, José Bonifácio, Duque de Caxias e uma longa lista de presidentes, como Marechal Deodoro, Epitácio Pessoa e Washington Luís.

“A doutrina da maçonaria é dita com simples palavras: aprimorar o gênero humano para que todos nós, um dia, possamos nos considerar seres humanos pertencentes a uma mesma e única humanidade”, conclui Zveiter