Do GG ao pp

domingo, 14 de junho de 2009

20 soluções criativas no dúplex

O apartamento da década de 40, num bairro central de São Paulo, reunia vários atrativos – pé-direito alto, ambientes amplos, janelões – e conquistou um jovem casal. Era 2000 quando os dois chamaram os arquitetos Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz para reformá-lo. Sete anos depois, planejavam aumentar a família, e surgiu a chance de comprar o imóvel de cima. Chamado novamente, o trio visitou o local e deu sinal positivo para o negócio. A ideia era unir os dois andares, alterar a distribuição, renovar instalações e acabamentos. Uma construtora respondeu pela parte civil da obra, e os arquitetos gerenciaram os trabalhos por oito meses: “Unir dois imóveis de um prédio é complicado e caro. A vantagem é que abre espaço para incrementos e soluções interessantes”, diz Rodrigo. Para ver outros projetos de reformas de apartamentos, consulte nossa seção sobre o assunto

2.
Uma bancada de compensado e folhas de wengé (10 x 50 cm) delimita o hall de entrada e fica a 90 cm de altura. Há outra perto da mesa de jantar, diante da parede de vidro, que serve de apoio a objetos e travessas na hora das refeições. São da Marcenaria Rutra.

3.
Como fica solta no espaço, a escada vazada permite que a luz da janela se espalhe pelo ambiente. Caso contrário, escureceria a sala. Leva perfis de aço, degraus de madeira e guarda-corpo de metal tubular. “É normal que uma estrutura delicada como esta apresente um discreto balanço, mas sem oferecer riscos”, conta Rodrigo. 4. O piso de todo o andar de baixo é o mesmo: peças cimentícias brancas, de 1 x 1 m, da linha Basic (Solarium). Elas funcionam como alternativa ao cimento queimado porque, ao contrário dele, não trincam. Juntas estreitas e resina semibrilho garantem o acabamento. A única dificuldade foi o manuseio das placas – cada uma pesa 55 kg.

O novo dúplex tem a distribuição de um sobrado típico: o primeiro piso reúne os ambientes de estar e o superior, os íntimos. Só o quarto de hóspedes ficou no andar inferior. 5. A laje foi cortada, e o novo vão de 4,50 x 3,50 m acomodou a escada com folga. Também criou uma área de pé-direito duplo, que integra visualmente os apartamentos de cima e de baixo e abre espaço para um mezanino. Detalhe: foi preciso usar serra para concreto e aplicar massa sobre as ferragens expostas.

6. A cozinha mede amplos 5 x 6,50 m, o suficiente para acomodar uma ilha e liberar 90 cm para a circulação. Um pilar, impossível de ser removido na obra, foi envolvido pela bancada de granito preto são gabriel. Dessa forma, os arquitetos criaram um espaço informal onde os proprietários podem receber os amigos – ali, quem cozinha fica de frente para os convidados. 7. O pilar é revestido de um lado com Vidrotil vermelho (ref. 3950) e acima do fogão com o modelo transparente (ref. 3600), também usado em outro ponto suscetível: perto da pia.

8.
A divisória da cozinha é estruturada em madeira e fechada com tábuas de freijó (Esquadrias de Madeira Ithalianas). A lateral diante da sala de jantar tem uma janela do tipo guilhotina, que abre e fecha conforme a necessidade. “Um delicado sistema de contrapesos garante o manejo leve da esquadria”, diz Rodrigo.

9. A biblioteca tem estantes pivotantes, de ferro e madeira, que funcionam como divisórias. “Equipadas com pinos e rolamentos, são superleves de manusear”, diz o arquiteto. “As duas da esquerda se movem de modo independente; as da direita giram juntas, em paralelo.“ O trabalho é da Serralheria Metal Worker. 10. Em todo o apartamento, o rodapé é um só: um sarrafo de madeira (2 x 2 cm). “Para um acabamento bom e discreto”, explica o arquiteto.

11.
Os arquitetos deixaram aparentes muitos pilares e vigas (revelados quando as paredes foram demolidas). Tiraram a massa que cobria o concreto, exibindo sua superfície irregular. 12. No alto das paredes dos quartos, há uma espécie de caixilho de madeira e vidro incolor. Assim, a luz das janelas chega ao corredor. 13. Tacões de cumaru em medidas diferentes forram o andar de cima. O material (da Parquet SP) tem réguas que vão de 0,30 a 1,10 m. No acabamento, resina semibrilho (Bona). 14. O banheiro tem a pia do lado de fora, separada de vaso e chuveiro, para que duas pessoas possam usá-lo ao mesmo tempo.
15. O móvel do home theater é revestido de couro, colado sobre MDF pelo marceneiro, e montado no local. Na parte de baixo, uma chapa de aço corten (de aspecto enferrujado) forra a parede. 16. A bancada de granito preto são gabriel (Cia do Mármore) da sala íntima faz um ziguezague e abriga discretamente um frigobar – pedido dos moradores.

17. Enormes, os três quartos perderam 1,50 m para o corredor, que se tornou uma área aproveitável. “No futuro, o piano dará lugar a uma bancada de estudos para as crianças”, diz Rodrigo. 18. Uma lavanderia no andar de cima (perto dos quartos e roupeiros) concentra tanque, varal e máquina de lavar. No piso inferior, restou uma pequena área de serviço, apoio para a cozinha.
19. No mezanino, uma luminária vistosa (Reka) clareia o painel. No restante do apartamento, o forro de gesso embute spots de halógenas PAR 30 ou 20, para uma luz difusa. 20. O painel exclusivo do artista plástico Fabio Flaks enfeita o novo dúplex. Ele criou o desenho (composto de cinco ladrilhos hidráulicos diferentes) e os encomendou à Rochbeton. O assentamento – cada peça na posição exata – deu ainda mais trabalho. “Os ladrilhos têm espessura variada. Foi preciso usar massa grossa para deixar tudo no prumo”, conta Rodrigo.