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domingo, 14 de junho de 2009

O sobrado dos anos 40 virou um loft de 101m²


Loft de portas abertas: Entusiasmada com o sossego da ruazinha e a oportunidade de viver perto do trabalho, uma artista plástica não hesitou em reconstruir este sobrado dos anos 40. A área interna não cresceu, mas parece maior depois de um ano de reforma e muitas paredes derrubadas.

Por Danilo Costa e Deborah Apsan
Fotos: Carlos Piratininga
Ilustrações: Campoy Estúdio

Os ambientes compartimentados e escuros não eram nada atraentes. Mas este sobrado fica num lugar silencioso, distante apenas 50 m do ateliê da artista plástica Miriam Rigout. "A placa de vende-se não permaneceu pendurada no portão nem meia hora", diz ela, brincando. Depois de fechar rapidamente o negócio, Miriam e o marido convidaram o arquiteto Carlos Marsi para resolver os inconvenientes e aproveitar o que a casa tinha de melhor: a localização. Partiu dele a idéia de transformar o espaço num loft praticamente transparente, graças à generosa esquadria da fachada. A rua charmosa, que valoriza a construção, recebe em troca todo o respeito da moradora (veja quadro). Quer fazer um tour virtual por dentro deste loft? Então, assista ao vídeo em que a artista plástica Miriam Rigout mostra os destaques do projeto.
Num terreno de 4,50 x 16 m, o sobrado da zona oeste de São Paulo tem fachada de tijolos de demolição sem rejunte (junta seca). Apesar do painel de vidro, a casa mantém a privacidade, pois as lâminas desencontradas (3 cm de largura) do gradil de sobras de ipê confundem a visão.
O jatobá usado em pisos, paredes e móveis veio da outra casa da artista (execução da Maqui Móveis, que também fez a porta de peroba de demolição). “Custa caro, pois requer um trabalho minucioso de adaptação das peças. Mas vale a pena”, justifica a moradora. Lareira a gás de inox (Artmetal).

A integração entre os espaços faz a área de 68 m² do térreo parecer maior. Até o quarto tem vista para a rua através dos painéis de vidros duplos 10 mm. Móveis da Clássica Design.
Não é de hoje que Miriam se preocupa com a cidade e a natureza. Há 20 anos, ela produz esculturas de papel reciclado. Uma de suas obras aparece na sala (no alto, à dir. da TV) e inspirou as ilustrações desta reportagem. “Cuidar do que está além da nossa casa ajuda a melhorar a qualidade de vida”, diz. Ela fez questão de ter um lugar para a reciclagem dos resíduos, que fica escondido sob um banco de madeira. Miriam também reuniu os vizinhos para manter a rua limpa e o lixo organizado.

A janela de inox (Artmetal) tem 2,20 m de largura e ocupa o pé-direito de 5,30 m. Esse vão exigiria uma viga no meio, mas Carlos conseguiu dispensá-la ao encomendar um cálculo estrutural que transferiu o peso do piso superior para as paredes laterais. O nicho abriga uma estante de madeira.

A clarabóia de estrutura metálica reúne três lâminas de vidros temperados 12 mm (Jacqsa). No piso, placas de cimento 1 x 1 m (Castelatto). No fundo, está o tanque preto modelo L116D (Deca).

A localização da bancada em L permite ver a rua e quem está na sala de estar. Ficou fácil preparar os quitutes, pois tudo se mantém próximo: pia, fogão, forno e geladeira.
Na cozinha, destaque para os armários de laca preta (Formaplas), a coifa de inox (Falmec) e o rodapé de 19 cm de altura. Dimerizadas, as lâmpadas dicróicas têm intensidade controlada (trabalho da Luri).
O terraço ganhou ar intimista com o revestimento de madeira, a pintura preta a 1,20 m do chão e os balizadores embutidos. Uma escada dá acesso à laje da cobertura da suíte (usada como solarium). Espreguiçadeiras e vasos da L’Oeil.
Com aberturas generosas de porta e janela, a ala íntima fica clara o dia todo e permite ver a copa das árvores. O piso de jatobá do térreo se repete no quarto e na passagem para o terraço.
A parede de mosaico português (Pedras Bellas Artes) sobe até o quarto. Para encaixar a cabeceira da cama, ele ganhou nicho de 2,60 x 1,40 m forrado de madeira.
O banheiro fica entre o quarto e o terraço. Por isso, Carlos deixou a circulação livre ao separar a pia da área do chuveiro com uma porta de correr de vidro serigrafado. Toda exposta, a bancada de mármore piguês (Pedra de Esquina) tem torneiras e cubas duplas (Altero) e espelho preso ao teto.