Do GG ao pp

domingo, 14 de junho de 2009

Pilares esbeltos e muito vidro


Disposto a curtir a boa vida nos trópicos, um casal português encomendou uma casa de veraneio sem clichês, temperada pela autêntica baianidade.

A imagem da rainha das águas que adorna a sala de estar é um sinal. Quando passa férias em Itacaré, BA, a família de portugueses dona desta construção experimenta uma profunda comunhão com as tradições locais. “Eles nos procuraram dispostos a entender como vivem os moradores dessa cidade rara, que combina mata Atlântica, praias recortadas e fazendas de cacau, para então fazer sua casa”, conta Thiago Bernardes, que assina o projeto com o sócio, Paulo Jacobsen. No andar de baixo há um corpo pesado (de alvenaria e concreto) e no de cima, um pavilhão leve. Essa foi a maneira que os arquitetos encontraram para aproveitar a vista do mar e estabelecer um grande terraço no andar superior. Como a obra seria realizada por uma construtora local, Thiago e Paulo elegeram um profissional de sua equipe para acompanhar de perto os trabalhos, que levaram 15 meses. O nordeste tem belas praias e belas casas também. Conheça uma perto do Recife, decorada com artesanato local. É linda!
A rainha das águas está presente entre os enfeites da sala de estar.
O mesmo deck que forra o piso da sala de estar se estende ao amplo terraço. Do lado de fora, o cumaru ficou acinzentado pela ação do sol e da chuva. “Expliquei que a madeira envelhece se exposta ao tempo, mas não estraga, e o proprietário topou”, diz Thiago.
O andar superior reúne sala de estar, terraço e cozinha num ambiente único. Afinal, a idéia é que os proprietários passem o dia todo por ali. Até a piscina fica perto, formando um espaço de lazer completo
As portas de vidro e cumaru (feitas por Zeca Cury, de Ubatuba, SP) são de correr na frente e nos fundos, descortinando o oceano e o morro. Diante da raia (revestida com pastilhas Jatobá 5 x 5 cm verde antilhas), surgem em versão pivotante.
O telhado de um único plano se eleva e induz à vista do mar. Nada de usar a tradicional solução com duas águas, que deixaria um beiral baixo na frente da casa e roubaria parte da paisagem.
A cobertura é uma mistura curiosa de deck de madeira (no alto), telha ondulada translúcida (no meio) e fibra trançada (embaixo). Assim, a luz do sol penetra, filtrada, e ilumina sutilmente o interior.
O andar de cima é quase um pergolado – com sua cobertura delicada e três laterais transparentes. Apenas a cozinha (no fundo, à esq.) é fechada com alvenaria. O visual leve deve muito à estrutura de aço delgada. Poucas e pintadas de verde, as vigas coincidem com os caixilhos das portas de correr e quase desaparecem. “A horizontalidade da construção reforça seu ar moderno”, diz Thiago.
O banheiro do casal é o maior da construção. Fica aberto para um deck privativo, dotado de hidromassagem (ao fundo na foto). Os acabamentos incluem bancada de cumaru impermeabilizado (Aroeira), treliça (feita e tratada por Joelson Alves) e deck (Scala Madeireira). “Como o ambiente é muito aberto e ventilado, os materiais não se estragam”, comenta Thiago.
Instalados no andar de baixo, os quartos também oferecem uma bela vista do mar.
Não há janelas, mas amplas portas de correr dotadas de folhas de vidro temperado e venezianas de madeira. O beiral que protege essas grandes aberturas de chuva e sol é a laje de concreto que forma o banco do terraço do piso superior. Forrado com ripas de madeira, combina e fica discreto.
Do terraço do casal (equipado com hidromassagem da Jacuzzi), vêem-se os diversos usos da madeira: cumaru de 5 x 3 cm no deck, painéis de freijó de 7 x 4,5 cm sobre as paredes e ripas de cumaru nas portas de correr.
Dentro, a textura (Terracal) ganha realce pela luz (de lâmpadas embutidas no teto) que vaza da fresta no forro e faz referência à cobertura do andar de cima.
Na subida da escada, um espelho (à esq.) reveste a parede da cozinha e reflete o terraço – à frente. No fundo fica o acesso principal, composto de decks de madeira e espelhos-d’água. “A escada de 4 m de largura se impõe logo na entrada e convida quem chega a subir e explorar o andar de cima”, explica Thiago.
No andar de baixo, fica a porta principal. Note a maneira como a construção se organiza em dois blocos e se acomoda no terreno íngreme. Ao fundo, a mata exuberante – atrativo natural de Itacaré. As pedras do muro foram compradas na região (Pilar Engenharia).
As quatro suítes ficam isoladas no andar de baixo, para maior privacidade. Acomodam o casal de proprietários, seus dois filhos e eventuais convidados. No andar de cima, uma pequena cozinha dá conta do recado. Os arquitetos privilegiaram a vista ao implantar a casa no terreno de 889 m2 – voltada para o sudeste, ela recebe menos sol, mas desfruta da paisagem.