Remake de sucesso

A construção é formada por três blocos: dois chalés de madeira acomodados em níveis diferentes (e apoiados no contrapiso de concreto) e uma caixa de alvenaria (lugar das escadas) que conecta esses dois espaços. A referência marítima aparece na janela de escotilha.











Uma boa idéia pode ser repetida ¿ e dar certo outra vez. Foi o que aconteceu com este chalé, transplantado de uma mostra de decoração para as areias de uma praia catarinense.

Cenário deslumbrante, poucos vizinhos... E a casa se escancara para a paisagem. O corredor entre quarto e sala deixa entrever o mar (acima) e tem cobertura de madeira e vidro laminado texturizado, que aumenta a luminosidade. A lateral da sala recebeu um amplo painel de vidro temperado incolor, fixado num caixilho de pínus. Cortinas garantem a privacidade dos donos.

Os dois chalés de madeira que compõem a casa seguem um sistema construtivo(Woodframe, da empresa Durapine) em que todas as peças são de pínus e a montagem dos projetos, personalizados, é rápida. Neste caso, receberam adaptações para que pudessem ser facilmente refeitos. Todas as peças são entregues cortadas e numeradas, prontas para o encaixe. Depois são unidas com parafusos mais longos que o comum, porcas e arruelas. Nada de parafusos atravessados ou pregos que machucam a madeira na hora de soltar.































A conexão da estrutura de madeira com a alvenaria garante estabilidade à casa e é simples de desfazer. A espera metálica parte do contrapiso e entra no meio do pilar, oco. Esse encontro é parafusado e chumbado com concreto, reforçando a união.











Mais do que encontrar personalidades, visitar cenários luxuosos e ficar por dentro das tendências, a ida de um jovem casal a uma mostra de decoração lhe rendeu algo inesperado: uma casa de praia. Em 2003, marido e mulher estavam em Casa Cor Santa Catarina e se encantaram com um ambiente inspirado nos bangalôs da Polinésia. Descobriram que os autores do projeto, a dupla Giovani Bonetti e Tais Adriana Marchetti Bonetti, tinham concebido o Café Lounge de olho num possível cliente, que topasse reaproveitá-lo numa construção definitiva. "Faltava o interessado", diz Giovani. Acordo fechado rapidamente, o que se seguiu foi uma transposição que alterou pouco o original.

O novo terreno - uma praia quase deserta nas proximidades de Florianópolis - não era plano como o local da mostra, mas um declive. "Nós preparamos uma laje de concreto apoiada em pilotis para contornar esse desnível enquanto a exposição ainda acontecia", conta o arquiteto. Sobre essa base veio o bloco de alvenaria contendo lavabo e banheiro e os dois chalés de madeira originais - agora sala e quarto. Os carpinteiros da primeira montagem (orientados pela empresa que forneceu o pínus e desenvolveu o sistema construtivo) deram conta da segunda rodada em 45 dias. "As peças foram entregues numeradas e voltaram para o mesmo lugar", diz o profissional. "Uma mudança foram os amplos painéis de vidro", explica Giovani, que criou um recanto parecido com um barco aberto para a paisagem. O resultado lembra o ambiente projetado para Casa Cor, cuja inspiração foi a família de navegadores Schürmann - agora o barco está ancorado num cenário belo e real.

Para ter aspecto mais robusto, as vigas são compostas de duas ou mais pranchas de 4 x 19 cm, (lado a lado); os pilares são ocos, formados por quatro tábuas de pínus – assim as redes hidráulica e elétrica têm por onde passar.



















As paredes levam lambris de madeira dentro e fora; no meio, eletrodutos e isolante acústico.

As telhas sobrepostas (1,4 x 14 x 62 cm) são pregadas diretamente sobre as ripas, dispensando o forro. É o sistema chileno (ou tablita). A cobertura tem menos de 30 graus de inclinação – o arquiteto não queria cobertura elevada, típica dos chalés, e adotou poucas águas (planos) para simplificar sua execução.

O quarto fica recuado em relação à sala, mas desfruta de uma nesga do panorama.

No ambiente de estar, a porta de correr de vidro deixa a brisa entrar. Repare como a cabana tem um aspecto acolhedor. É inteira de pínus tratado quimicamente contra apodrecimento. A madeira não recebeu nenhum acabamento visando preservar sua tonalidade.