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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Quebre as regras Nutrição


Não deixe sua dieta refém dos mitos da nutrição


É o seguinte: quem quer ter uma alimentação equilibrada geralmente contrata um nutricionista para ajudar na dura tarefa de escolher o que entra e o que sai do prato. Para chegar a esse veredicto, o profissional analisa os hábitos alimentares, as comidas preferidas, e os dois juntos criam um plano que se ajuste aos objetivos. Depois, o resultado é visível: uma pessoa mais magra e com mais energia.

Mas é então que os problemas começam. Um colega de trabalho pergunta os detalhes da dieta e o magro feliz se encontra no meio de um interrogatório: "Seu nutricionista não sabe que carne vermelha causa câncer?"; "E que batatas provocam diabetes?"; "Ele não deveria orientar você a comer menos sal?".

"A maior parte dos mitos tem origem em trabalhos científicos, em que se reproduz uma situação diferente do dia-a-dia das pessoas", afirma a nutricionista carioca Patrícia Haiat. "Portanto, os resultados nem sempre condizem com a realidade." Ela explica que um trabalho que mostra que carne vermelha causa câncer pode ter sido feito com os participantes confinados comendo determinada quantidade de carne sem fazer exercícios. "Assim nãoé possível dizer que os efeitos negativos vão se repetir em situações normais", diz Patrícia.

Conclusão: os mitos tornam a tarefa dos nutricionistas mais difícil. Isso porque tanta informação errada deixa qualquer cara confuso e frustrado em sua busca para comer de uma forma mais saudável. Bem, você está prestes a ser iluminado pela ciência. Aqui estão seis bobagens sobre comida que você pode esquecer.

Muitos mitos só têm fundamento no laboratório, e não na realidade

MITO 1
"Consumo excessivo de proteína prejudica os rins"

A origem: em 1983, pesquisadores descobriram que comer muita proteína aumenta a taxa de filtragem glomerular, ou GFR. Isso é a quantidade de sangue filtrada por minuto por seus rins. Por essa descoberta, muitos cientistas concluíram que um altoíndice de GFR deixa os rins sob muito estresse.

O que a ciência realmente comprova: aproximadamente duas décadas depois, pesquisadores holandeses observaram que, enquanto uma refeição rica em proteína aumenta sua taxa de GFR, ela não provoca reações adversas nas funções renais.

A conclusão: coma apenas o indicado para seu biótipo. Se você é um gordinho de 90 quilos e quer ser um magro de 80, consuma 180 gramas de proteína por dia. A mesma quantidade vale se você for um magrelo de 68 quilos mas quer ser um musculoso de 80.

MITO 2
"Batata-doce é melhor que batata comum"

A origem: já que os americanos comem a forma mais processada da batata comum- batata frita e batata chips -, o consumo dessa raiz tem sido relacionado a obesidade e diabetes. Enquanto isso, a batata-doce, queé ingerida de forma integral, leva o crédito de ser rica em nutrientes e de ter o índice glicêmico mais baixo que o da batata comum.

O que a ciência realmente comprova: a batata comum e a batata-doce têm valores nutricionais diferentes. Uma nãoé necessariamente melhor do que a outra. O tipo doce tem mais fibras e vitamina A, mas a comum é mais rica em minerais essenciais, como ferro, magnésio e potássio. "Sobre o índice glicêmico, a doce tem menor valor na escala, mas a batata comum quando assada podem ser servida com azeite ou manteiga. Esses complementos contêm gordura, que diminui o índice glicêmico total da refeição", explica a nutricionista Andréia Naves, da VP Consultoria Nutricional, em São Paulo.

A conclusão: a forma que você consome a batata é mais importante do que o tipo escolhido. Esqueça as fritas e as chips e prefira as assadas ou as cozidas.

MITO 3
"Carne vermelha causa câncer"

A origem: em um estudo de 1986, pesquisadores japoneses detectaram câncer se desenvolvendo em ratos que eram alimentados com amino heterocíclico, composto gerado na carne quando exposta por muito tempo a fogo alto. Desde então, alguns estudos com a população têm sugerido um elo importante entre carne e câncer.

O que a ciência realmente comprova: nunca um estudo encontrou uma relação direta de causa-efeito entre consumo de carne vermelha e câncer. Em relação às pesquisas com a população, elas não são conclusivas. Isso porque se baseiam em pesquisas sobre os hábitos alimentares. Esses números são mastigados para chegar a tendências de consumo, e não às causas.

A conclusão: não aposente a grelha. Os amantes de carne apreensivos em relação aos supostos riscos não precisam evitar a carne vermelha. Simplesmente elimine a parte mais queimada ou torrada da carne. E inclua proteínas de outras fontes, como frango e peixe, na sua alimentação.

MITO 4
"Sal causa hipertensão"

A origem: na década de 40, Walter Kempner, pesquisador da Universidade Duke (EUA), ficou famoso por usar a restrição do uso de sal no tratamento de pessoas com pressão alta. Mais tarde, estudos mostraram que a redução ajudava a diminuir a pressão arterial.

O que a ciência realmente comprova: pesquisas em larga escala têm determinado que não há razão para pessoas com pressão normal restringirem o uso de sódio. Agora, se você já tem pressão alta, reduzir o consumo pode realmente ser valioso.

Entretanto, há décadas os cientistas sabem que as pessoas com pressão sangüínea alta que não querem abandonar o saleiro podem consumir alimentos ricos em potássio. Por quê? Porque é o equilíbrio dos dois minerais que realmente interessa. Pesquisadores holandeses descobriram que um baixo consumo de potássio tem o mesmo impacto na pressão sangüínea que o excesso de sal. E sabe-se que o consumo dos homens é em média de 3 100 miligramas de potássio por dia- 1 600 miligramas a menos do que o ideal.

A conclusão: se esforce para ter uma dieta rica em potássio, que inclua frutas, vegetais e legumes. Espinafre, brócolis, banana, batata comum e a maioria dos feijões contêm mais de 400 miligramas de potássio por porção.

MITO 5
"Mel é pior que açúcar"

Origem: essa idéia vem do fato de o mel ter a aparência de calda concentrada e ser
extremamente doce. Por ser bastante usado na recuperação de gripes e feriados, leva o
crédito de conter nutrientes energizantes.

O que a ciência realmente comprova: enquanto o açúcar é 100% carboidrato, o melé composto de 80% desse nutriente. "Seu carboidrato é prontamente aproveitado como fonte rápida de energia, o que o torna interessante para ser consumido após a atividade física para recuperação muscular", explica a nutricionista Patrícia Haiat. Ele também é rico em antioxidantes, que ajudam a reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Já o açúcar rouba vitaminas e sais minerais do organismo e não traz benefício nutricional.

A conclusão: substitua o açúcar por mel ao adoçar sucos, café e até durante o preparo de alimentos como bolos e pães doces.

MITO 6
E viva a manteiga!

Sim, a manteiga é rica em gordura - especialmente a saturada. Mas a maior parte dela é composta de ácidos palmítico e esteárico. Pesquisas mostram que esses ácidos graxos saturados não têm efeito negativo no colesterol e podem até melhorá-lo. Ainda não conseguimos convencê-lo de que a manteiga, consumida com moderação, não é o demônio de sua alimentação? Então continue lendo.

• Uma porção de manteiga contém aproximadamente 36 calorias e a gordura fornecida pode ajudar a mantê-lo satisfeito por mais tempo.

• Manteiga é uma das fontes campeãs de ácido linoléico, gordura natural que tem se mostrado eficiente no combate ao câncer.

• Estudos mostram que a gordura na manteiga melhora a habilidade do corpo de absorver vitaminas A, E, D e K. Por isso, um pouco sobre os legumes pode deixálos mais saudáveis (e bem mais gostosos).